sexta-feira, 13 de março de 2009

O silencio é um nada capaz de tudo.



E o silêncio volta a percorrer meu ser, entra em mim, é conduzido pelas veias, chega às artérias, aterra no coração e provoca um arrepio seguido de um suspiro, que muito pode querer dizer.

E de coisas não ditas, está minh’alma cheia, aterrada de frases não coesas e desconexas, que não se fazem ouvir, que não se fazem entender.

O dia que traz o silencio no atrelado, a noite que traz o som do mesmo no cair do pano. Do dia para a noite acaba a encenação, acaba toda a capacidade criativa e estética. Começa então a sinfonia da ânsia e do desejo que trago em ter-te por perto.

Meu ser aos berros, enfrenta o silêncio e os seus ruídos, meu ser, que reduzir o volume não sabe, afirma que te quer comigo, e eu afirmo junto dele que a vontade de te trazer pela mão transcende o céu, percorre a lua, e dorme permanentemente no seu leito.

Sinto hoje que a razão provoca a necessidade de fugir, de correr, de fugir a sete pés. Sinto a fuga, a fuga de mim, a tentativa de livrar-se do pensamento, do sentimento, do desejo e da necessidade de provar, de tocar, de ter.

A razão, amarga e crua, nua e dura, traz o silêncio da minha noite, e o escuro do meu dia.

A razão atormenta meu espírito, penetra minha essência como que uma só seta enviada por 17 soldados da vida.

A razão traz-me a sensação de que perco. Perco a cada mensagem, a cada hora do dia, a cada minuto que passa, a cada palavra que não se diz, a cada hora que não se vê, a cada suspiro que se dá e que nada muda.

O efeito da razão provoca em mim tristeza, tristeza porque te quero, porque te quero comigo, e porque o suspiro vem a cada gesto, a cada palavra, a cada expressão, a cada olhar e por fim a cada toque.

A razão faz-me colocar a seguinte questão:

“Qual é o meu lugar em ti?”

Espero que este silencio, que é um nada capaz de tudo, traga nos seus sons, o gérmen da ressurreição.

1 comentário:

  1. Adoro este cantinho - em termos gerais.

    Mas este texto está tão bem "prenunciado", adorei!

    "A razão faz-me colocar a seguinte questão:
    “Qual é o meu lugar em ti?”"

    - a maneira como acabaste este texto, apaixonante:)

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